Nesses 5 meses desde o início da pandemia, conseguimos notar mudanças
significativas nos vários setores da sociedade, em nossos hábitos de vida, na forma
como nos comportamos e provavelmente em qualquer área que pensarmos.
Nem em nossos sonhos mais radicais, conseguiríamos antecipar o impacto do vírus em
nossas rotinas pessoal e profissional. E apesar do imenso desafio, grandes
aprendizados têm sido observados, relatados e divididos de forma a mudar para
sempre nossa forma de agir.
No setor corporativo não é diferente. Da noite para o dia as empresas tiveram que
desocupar espaços físicos e migrar para o ambiente digital sem muito planejamento
ou disponibilidade de recursos. Projetos tiveram que ser repensados e prioridades
redefinidas.
E de maneira impressionante, lideranças e colaboradores tem encontrado formas
criativas para contornar as dificuldades atuais e desenvolver estratégias para o cenário
futuro.
Com certeza muito será dito e vários artigos continuarão a discutir essas mudanças,
mas dentro do que tenho observado, relacionei 10 atitudes ou aprendizados que
devem influenciar nossa rotina profissional daqui para frente:
- Senso de urgência – sempre falamos sobre a importância de antecipar e reagir
rapidamente às mudanças e ter um espírito proativo, mas nunca tivemos um
momento tão propício para aplicar isso na prática. Quem determina a urgência
é o mercado. Cabe a empresa determinar a velocidade de resposta. - Balanço entre vida pessoal e profissional – em geral isso era um discurso
incentivado, mas pouco implementado na maioria das empresas. Hoje fazemos
reuniões remotas com pets passando na frente da câmera, crianças ao fundo,
vestidos casualmente (mesmo sem ser “casual Friday”). Fomos convidados a
entrar no ambiente familiar de nossos colegas e dessa forma enxergar o lado
humano de cada colaborador. - Compartilhamento de informação – uma empresa pode ser um ambiente
altamente político onde a troca de informação fica restrita ao interesse de um
grupo. Com o senso de reponsabilidade coletiva pela busca de soluções,
transparência e rapidez são essenciais para garantir a sobrevivência da
organização. - Discurso sustentável na prática – questões que serviam de pauta para
relatórios de investidores e visão de futuro como sustentabilidade,
responsabilidade social e inclusão digital; tornaram-se cases de sucesso em
questão de dias com empresas modificando linhas de produção para fazer
álcool gel, infraestrutura digital remota sendo implementada em questão de
horas para transferir equipes inteiras de atendimento e projetos sociais para
atender comunidades carentes sendo desenvolvidos em questão de dias.
- Parcerias público-privadas – com a pressão por soluções rápidas e efetivas, os
mundos acadêmico, governamental e corporativo encontraram formas de se
comunicar e perceber a incrível sinergia entre as competências de cada setor
na criação de projetos que visassem o bem comum. - Desmistificando inovação – como já dizia Platão, a necessidade é a mãe da
invenção. São inúmeros os cases de startups, pequenas empresas ou grandes
corporações desenvolvendo soluções criativas para minimizar os impactos ou
desafiar modelos. Inovação não é um departamento ou um valor
organizacional. Ela é um mindset a ser aplicado sem barreiras em todas as
áreas do negócio. - Escutando o cliente – falamos muito em empatia e colocar-se no lugar do
cliente. De repente nos tornamos os clientes das soluções que estamos
desenvolvendo seja como seres humanos ameaçados pela doença, como
consumidores tendo que mudar hábitos ou profissionais revendo modelos.
Nunca estivemos tão conectados com as emoções que tentamos compreender
ao construir a jornada de nossos consumidores. - Repensando nossos papeis – o ambiente corporativo por mais dinâmico que
seja, nos impõem rotinas e compartimentaliza funções. Quando nos
percebemos impossibilitados de realizar nosso trabalho dentro do modelo
estabelecido, temos a chance de repensar nossa contribuição em outras áreas.
O vendedor que não pode visitar o cliente, tem nesse momento uma chance de
entender os desafios desse público e ajudar na busca por alternativas que
podem gerar novos produtos ou serviços. - Redefinindo produtividade – pense em uma reunião apenas com as pessoas
necessárias, com tempo definido para acabar e onde cada um prepara o seu
café. Bem-vindo a plataformas digitais. Mais do que transformarmos o que
fazíamos presencialmente em modelos remotos, é a chance de revermos o
modelo como um todo. - Propósito organizacional – amplamente antecipado como uma tendência para
o futuro, o propósito da organização e sua responsabilidade social, tornaram-se
repentinamente o maior fator de reputação de marca. Entre as marcas líderes
no Brasil em reputação, é clara a presença daquelas que tem se mobilizado
para oferecer soluções durante a crise.
Nunca palavras como resiliência, aprendizado constante e reinvenção foram tão
pertinentes e aplicáveis à realidade. Dizíamos que planejar era como dirigir um veículo
olhando pelo espelho retrovisor.
Hoje olhamos para o futuro com muito menos informação do que isso. Assim,
criatividade e colaboração serão nossos guias para sairmos desse momento, com
certeza mais conscientes de nossas limitações como seres humanos mas também
orgulhosos de nosso infinito poder de se reinventar.